
Hoje eu vi uma coisa graciosa que me fez pensar muito.
Sexta-feira é dia de levar brinquedos, livros e fantasias de casa para a escola. Então, muitas meninas gostam de se vestir como suas personagens preferidas e assim seguem para mais um dia de aula.
E uma delas é R. de 4 anos. Ela estava linda num vestido longo rosa e dourado. Fiquei, por alguns momentos, reparando na menina, uma vez que ela tinha deixado de lado os colegas e o tanque de areia para andar perto do bebedouro do parque. Quando eu me dei conta, ela estava com uma pequena flor do canteiro nas mãos... pensei em dizer a ela que não deveria arrancar as flores, porém notei que ela falava e cantava e passava a florzinha em seu rosto.
R. era uma princesa naquele momento. Eu podia sentir isso, podia ver... ela sentia que era a princesa e não mais estava na escola, mas sim em um lindo bosque compartilhando com a Natureza de sua beleza e assim, criando um vínculo entre tudo o que era belo.
Eu me lembrei muito dessa sensação... Eu sentia o que brincava, sentia meus personagens...
Hoje, crescida, bruxa, professora, mulher eu ainda sinto... Em alguns momentos me sinto a sacerdotisa ancestral, outras vezes, a caçadora selvagem e ainda, uma parte total da Terra...
Acho que nunca deixamos de viver nossos arquétipos preferidos... nossos sonhos, espectativas e vontades. Acho também que quando estamos dentro de um ritual e nos sentimos bruxas por estarmos fazendo aquilo, somos mais bruxas que o mais alto iniciado na mais secreta tradição.
Em nossa realidade, em nossas mentes... somos o que somos!
Imagem: http://pro.corbis.com