Durante muito tempo, conversamos sobre nossas idéias, nossas necessidades e sentimentos em relação aos caminhos que tomam o neopaganismo nacional. Com o passar do tempo e o amadurecimento, resolvemos que era hora de juntar mais de nós. A Idéia do Blog Tribos de Gaia é unir várias correntes do Neopaganismo brasileiro com o único objetivo de preservar a diversidade e garantir a liberdade de expressão dos nossos convidados.

quarta-feira, maio 10, 2006

A Morte

Jean - Claude Carrière ( Índia – Um olhar amoroso)






Mesmo que a morte signifique sempre um apelo ao renascimento, ela continua sendo morte, inelutável como em todos os lugares, e sempre temida.
Os textos antigos revelam que ela nem sempre existiu. Na origem, o universo e os seres vivos não estavam sujeitos à destruição. Mas a multiplicação da vida pesou gravemente sobre Bhumi, a Terra. Ela se lamentava ao criador, dizendo que iria desaparecer abatida, exaurida de ser pisoteada pelos vivos imortais.
Brahma decidiu que todas as coisas vivas deviam ter um fim, e um novo começo. Ele inventou a morte, com os traços de uma mulher negra e vermelha, que olhou o criador sorrindo, feliz por estar viva, e o criador lhe disse:
- Vá agora e extermine as criaturas, tanto o velho quanto o jovem, o idiota e o sábio. É para este trabalho que te criei.
A mulher começou a chorar:
- Como eu poderia matar – perguntou -, eu, que sou uma mulher? Não posso, tenho medo das lágrimas e das maldições dos condenados. Livre-me deste fardo! Não posso tirar a vida!
Ela fugiu, retirou-se para um lugar deserto, purificou-se nas fontes de água clara durante milhões de anos. Durante muito tempo, o criador respeitou seu recolhimento, após o que foi procurá-la novamente:
- Não me obrigues a matar! - repetiu ela. - Faças com que os homens morram por causa deles mesmos e não por minha causa.
0 criador respondeu-lhe que ele próprio era muito sensível á dor de perder a vida e que as gotas das lágrimas derramadas caíam em sua mão. E acrescentou:
- Tu não cometerás nenhuma falta imolando as criaturas, e tua glória será única. Saiba que criei as doenças, os vícios, os crimes. A falta não é tua, uma vez que tu ofereces aos seres a chance de uma outra vida. Despoja-te de todo amor, de todo ódio, atinja os vivos sem nenhum medo, porque a morte não mata ninguém. As criaturas matam-se a si mesmas e os deuses também morrem.
Segura de seu poder sobre os deuses e da ineficácia de suas ações, a morte abandonou seu recolhimento e começou a trabalhar.

3 Comments:

Blogger Unknown said...

Nossa... que excelente... adorei!
A Morte é a hostess de um novo momento =)

quarta-feira, maio 10, 2006 3:25:00 PM  
Anonymous Anônimo said...

PUTZ!!!
EU ADORO A MORTE, POIS SEM ELA NÃO HÁ RENASCIMENTO.
GRANDE DRAKE, SHOW DEMAIS...

quarta-feira, maio 10, 2006 6:12:00 PM  
Blogger Daniel Rumana said...

A morte morre,a morte mata, morte,akela que é imortal...

quarta-feira, maio 10, 2006 7:50:00 PM  

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